sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pânico (Scream, 1996)


Há quem goste de filmes de terror e há quem os odeie, mas os motivos são vários, alguns são violentos demais e outros são ruins demais, alguns simplesmente não conseguem cair na graça do público e outros nem merecem fazê-lo. Afinal, o que qualifica um filme de terror como um bom exemplar?
Um exemplo para ser estudado é o primeiro filme da trilogia Pânico (repare que ainda não dei a minha opinião sobre o filme) que divide opiniões. Pânico foi dirigido por Wes Craven em 1996, que até então havia dirigido As Criaturas atrás das paredes e A hora do Pesadelo e que se estabeleceu de vez como o mestre do terror (dignamente).
Pânico conta a história de Sidney Prescott que ao completar um ano após o assassinato de sua mãe em uma pequena cidade chamada Woodsboro tem que lidar com um serial killer aterrorizando a cidade atrás de jovens estudantes estúpidos e tarados, mas que tem como prato principal a protagonista virgem.
Parece uma sinopse comum vista em dezenas de outros filmes de terror adolescente, não? Mas em Pânico tudo é diferente, o roteiro de Kevin Williamson (Dawnson’s Creek) nos oferece um olhar diferente sobre tudo isso.
Vilões que aumentaram a popularidade do gênero no cinema como Freddy Krueger, Michael Meyers ou Jason Vorhees criaram em seus filmes e em suas sequências as regras dos filmes de terror adolescente, e a partir daí é como um bolo de caixa, é só empacotar e exibir. Bom, isso não funciona com Pânico, já que ao longo da projeção essas regras são escancaradas e todas as cartas são jogadas ao expectador, é como um mágico revelando todos os seus truques de magias, mas é aí que se encontra o sucesso do filme, o roteiro não satisfeito em entregar todas as regras, consegue ainda fazer piada com isso. Com uma narrativa inteligente, o roteiro não nos deixa suspeitar por muito tempo de apenas um personagem, como na cena em que Randy, Stuart e Billy conversam na locadora e ficam se acusando, é como um jogo de ping pong, todos os personagens que estão diretamente envolvidos tem motivos bastante concretos para se tornarem suspeitos e em todo momento o roteiro faz questão de salientar isso, até mesmo a própria protagonista, como na cena em que duas garotas conversam no banheiro acusando Sidney.
De início se trata apenas de um assassino com uma roupa preta, uma máscara de fantasma e uma faca matando, como disse acima jovens estúpidos e tarados, mas a outra grande parte do filme é que ele não se nega. Pânico não quer e nem pretende ser uma obra prima ou um clássico que vai entrar para história, ele mesmo se assume como apenas um filme slasher movie em todos os momentos e não pretende ser mais do que isso.
A verdade é que por mais que o filme tenha as suas irregularidades e seus defeitos, não podemos negar a sua importância para o gênero, já que foi o filme que ressurgiu das cinzas o gênero terror/suspense e que veio a influenciar nos próximos filmes de terror para adolescente como Eu sei o que vocês fizeram no verão passado, Premonição e Lenda Urbana.
Em uma determinada cena um personagem diz: “Tem que haver uma sequência sempre”, influencia dos clássicos do terror que não só tiveram sequência como quase viraram série, ou quando Sidney fala: “A mocinha que ao invés de abrir a porta e sair correndo acaba subindo as escadas”, que vem de Halloween e que mais tarde é usada em Pânico 2, mas talvez o melhor momento é quando Randy estabelece as regras: “Não transe e nunca diga Já volto”. Já que a trilogia toda é marcada por suas cenas de abertura (que foi uma das características que não se perderam), o que dizer do jogo de gato e rato com Casey Cooper, interpretada por uma Drew Barrymore (que desistiu do papel de Sidney com medo que o filme arruinasse sua carreira) aterrorizada? Brilhante.
A diferença de Pânico para esses outros exemplares, é que ele é sarcástico, cômico, criativo, cheio de referências aos clássicos e se assume como um filme feito para a diversão para o público jovem e que usa os clichês de outros filmes que o influenciaram e acaba se tornando uma homenagem ao terror.
Nota: 8,0

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

As Pontes de Madison (The Bridges of Madison County, 1994)


As Pontes de Madison é um conto sobre amor, e sobre honestidade, sobre todas coisas que buscamos e as coisas que temos, e como somos obrigados a nos acostumar com elas.

Robert Kincaid, jornalista fotográfico da National Geographic e Francesca Johnson, uma dona de casa do Iowa, não estavam à procura de qualquer reviravolta nas suas vidas. Cada um já tinha chegado a um ponto da vida em que as expectativas pertenciam ao passado. Contudo, quatro dias depois de se conhecerem não querem perder o amor que encontraram. Meryl Streep premiada com Oscares da Academia (foi nomeada pela 10ª vez por esta interpretação) e Clint Eastwood (que produziu e realizou o filme) encantam com uma brilhante e poderosa interpretação dos personagens criados pelo escritor Robert James Waller neste best-seller de amor, decisões e consequências. O Entertainment Weekly afirma: "Streep e Eastwood, tanto em imagem como em espírito, estão tão perfeitos que parecem sair das páginas do livro". Também perfeitos estão os pequenos detalhes e as grandes emoções do grande amor de uma vida. Com sorte, mais cedo ou mais tarde, um amor destes acontece na vida de cada um. Para Robert e Francesca foi tarde. Mas foi glorioso.


Francesca tem uma sinceridade dolorosa sobre a vida, é uma mulher que busca inconscientemente pelo novo, pelo especial, aquilo que a faça tremer, mas que já está acostumada com o convencional e comum, uma espécie de rendição própria, mas todos os seus sonhos e desejos vêm na figura desse homem fotógrafo e forasteiro que a faz sentir viva de novo, mas como ela já está tão acostumada a se render e entregar seus sonhos ao passado é exatamente isso que ela faz, ou pelo menos tenta fazer.



As Pontes de Madison que recentemente foi adaptado para o teatro cativa pela simplicidade em sua essência, que pode ser a palavra chave para melhor descrever a obra adaptada do romance de Robert J. Waller, sem jamais ir para o absurdo e exagerado. É sobre duas pessoas que se amam mas são inteligentes o bastante para enxergar os dois lados dessa relação, sem nunca tirar os pés do chão.



Algumas vezes As Pontes de Madison consegue até ser erótico, mas do seu próprio modo, como na cena em que Francesca toma banho na banheira que Robert tinha acabado de usar.



Meryl Streep e Clint Eastwood são competentes ao perceber que a força do filme não está somente em suas performances, mas no roteiro do filme, percebem que Francesca e Robert se apaixonam um pelo outro por motivos opostos, ela se apaixona por ele por ser um forasteiro cheio de histórias e experiências do mundo, e ele se apaixona por ela por ser uma dona de casa comum e triste, eles percebem que se completam.



O fato é que As Pontes de Madison é um dos romances mais honestos da década de 90.




NOTA: 8,5

Dente Canino (Kynodontas, 2010)

Ultimamente temos acompanhado na TV através de noticiários casos monstruosos sobre atrocidades que alguns pais cometem contra os próprios filhos, como jogar recém-nascido na lata de lixo, ou simplesmente manter a própria filha trancafiada no porão da própria casa e estupra-la diariamente por anos. Esses casos de atrocidades aos poucos vêm sendo representados no cinema de todo mundo, sempre de uma forma polêmica e perturbadora.

Dente canino pode ser considerado um exemplar desse tipo de atrocidade que o ser humano sempre está disposto a fazer em nome do bem próprio, mesmo que isso signifique ferir e torturar o próprio filho. O filme grego de Yorgos Lanthimos, conta a história dos pais que criaram seus três filhos, um menino e duas meninas, sem a interferência ou influência de qualquer outro ser humano além deles, sem influência da Tv, Jornais ou qualquer outro meio de informação, aos poucos no destrinchar da história podemos perceber a deficiência mental causada pelos pais em seus filhos devido à educação destrutiva. Os três filhos cresceram e apesar de já terem se tornado homem e mulheres ainda agem como se fossem crianças que brincam de bonecas e correm pelo quintal de casa.

O filme que recente e supreendentemente foi nomeado ao Oscar 2011 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro tem uma carga de violência muito grande, não só física, mas também mental, porque a todo o momento ficamos atordoados e nos sentimos perturbados por presenciar tudo aquilo, que há pouco tempo achávamos de que seria impossível de acontecer. A degradação humana chega a um ponto tão absurdo que as “crianças” acham que um simples gato pode se tornar uma ameaça mortal para toda a família como se fosse uma fera sedenta por sangue, já que assim avisou o pai deles, e por causa disso o “menino” acabou cortando a cabeça de um pobre animal com uma tesoura de podar. Em outro momento, o “menino” que só mantém relações sexuais com uma estranha que através do pai vai até a casa deles de carro e com os olhos vendados para não reconhecer o caminho, ouve a palavra zumbi e em um impulso de curiosidade pergunta a mãe o que aquilo significa e ela lhe responde que é apenas uma flor amarela. E por aí vai, como na cena em que vemos uma das “meninas” fazendo sexo oral na estranha em troca de um presente qualquer, e aquelas menina acabam acreditando que lamber as outras pessoas é um gesto de agrado e carinho.

Esse tipo de educação absurda e degradante acaba nos fazendo perguntar como poderia ter surgido e como aqueles pais podem ter a coragem de retardar voluntariamente seus próprios filhos, um dos triunfos do roteiro escrito por Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou é que sempre é deixado em aberto de onde aquilo surgiu, podemos perceber sim que aquilo é iniciativa do pai, já que é ele quem sempre tem as rédeas da situação e que sempre faz tudo para aquilo não sair dos trilhos, já que até sua esposa é mantida de “refém” porque acaba partilhando daquela educação, o que nos leva a pensar por algum momento que aquilo não passa de um ato de crueldade, mas isso o roteiro também não define, o que nos faz pensar também que aquilo é uma espécie de crença que o pai tem e que pode tornar seus filhos melhores desse jeito, como se os fins justificassem os meios.

Dente canino é controverso na sua própria controvérsia, não satisfeito de nos fazer presenciar aquela tortura absurda, ainda não nos oferece nenhuma espécie de consequência ou crítica sobre os danos sociais que aquilo tudo teria causado, ou seja, notadamente é um filme sobre ações e não de consequências, a todo o momento percebemos o quão aquela criação dada pelos seus pais foi destrutiva, mas em nenhum momento podemos perceber uma espécie de crítica ou de julgamento pela parte do diretor e do roteiro, aquilo tudo é aceitável sob todos os pontos de vista, o único lado que parecesse ser atacado e chocado com aquela espécie de existência são as pessoas que assistem e que sabem que a educação modelo e correta certamente seria aquela que estamos acostumados a ver, ou seja, a nossa.


Nota: 8,0

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Paixão à flor da pele (Wicker Park, 2004)


Não é muito difícil de acompanharmos hoje em dia refilmagens de clássicos ou filmes não-americanos para a língua inglesa, é menos difícil ainda nos deparar com refilmagens aquém do seu original, mas como toda regra tem sua exceção de vez em quando encontramos algumas refilmagens que merecem ser assistidas, como é o caso de Paixão à flor da pele, novo filme de Paul McGuigan.

Matthew (Josh Hartnett) é um jovem empresário que acredita ter visto em um café a mulher (Diane Kruger) que foi seu grande amor, que desapareceu misteriosamente há dois anos. Ele decide segui-la, descobrindo aonde ela mora. Esta se torna sua rotina durante vários dias, tornando-se uma obsessão para Matthew reencontrá-la. Um dia ele decide invadir o apartamento dela, para poder esperá-la. Porém o que ele não sabe é que a mulher que segue não é exatamente quem ele pensa ser, e que ela sabe exatamente o que está fazendo.

Acompanhamos a refilmagem de O Apartamento (com Mônica Bellucci), através de uma montagem fragmentada, cheia de flashbacks, quase como um quebra cabeças, a edição de Andrew Hulme vai nos entregando certas informações no momento certo sem nunca nos revelar demais, a edição é acompanhada pela competente fotografia de Peter Sova que tem o trabalho de nos entregar as nuances de seus personagens para que os conheçamos melhor, com lindos enquadramentos, por exemplo, quando acompanhamos o olhar triste da personagem de Rose Byrne ao ler um livro, conferindo uma maior beleza estética ao filme.

Acompanhamos uma direção cuidadosa e segura de Paul McGuigan em acompanhar uma história de amor a três (mesmo que estes não saibam) entre algo que passeia do plausível ao extremamente humano.

Aqui temos o interessante trio de atores Josh Hartnett, Diane Kruger e Rose Byrne em performances seguras e corretas, mas com certeza qualquer pessoa que assista Paixão à flor da pele não vai deixar o trabalho que Rose Byrne faz passar despercebido. Acompanhamos Rose Byrne desenvolver sua personagem com competência ao transformar Alex em uma mulher frágil, solitária e apaixonada que pode cometer qualquer e todo erro que qualquer pessoa pode cometer por amor, sem deixar que a julguemos e a enxerguemos como uma vilã vazia, uma mulher solitária e vazia, mas nunca como uma vilã. Byrne é hábil ao compreender a paixão que Alex sente por Matt, e principalmente a atração que ela sente pela beleza de Lisa, uma beleza alegre e viva, a qual ela não tem. Rose Byrne tem aqui um trabalho complexo e difícil ao transformar Alex em uma mulher apaixonada, humana e misteriosa que é obrigada a mudar de comportamento conforme o personag, são várias Alex's em uma só. É a história de uma amor obssessivo, louco e solitário, que causa dependência na busca pelo vazio da alma da personagem, conseguimos perceber isso quando ela pergunta: "Você me ama?", ao personagem que ela acabou de conhecer.

Paixão à flor da pele pode não ser um clássico, mas é uma das poucas refilmagens que valem a pena a ser conferidas, e com certeza pode ser comparada ao seu original, talvez seja até melhor que o mesmo, arrisco dizer.


NOTA: 7,0

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Desejos e Traições (The Sisters, 2005)

Este filme que chegou nas locadoras faz pouco tempo, é aquele tipo de filme que ninguém vê, ninguém sabe que existe, mas são um dos melhores do ano.
Desejos e Traições (The Sisters), baseado em uma peça do dramaturgo russo, Anton Chekov. Desejos e Traições é aquele independente sobre drama familiares, verdades e segredos que permanecem por gerações, e o confronto dos mesmos.
Belo filme, com belo roteiro e belo elenco. Venceu três prêmios no Dixie Film Festival Melhor Filme, Melhor Atriz (Maria Bello) e Melhor Ator (Erick McCormarck - o Will de Will and Grace), indicado ao Casting Society of America de Melhor Elenco de Independente e Seleção Oficial nos festivais de Tribeca e Hollywood. Recomendo.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Leitor (The Reader, 2009)




Stephen Daldry é um diretor seletivo. Com apenas três filmes na sua filmografia, mas com três indicações ao Oscar, nos deu de presente um dos melhores filmes da década, o íntimo As Horas, o elogiado e premiado Billy Elliot, e depois de alguns anos de férias, ele volta com o polêmico O Leitor, que recebeu 5 indicações ao Oscar.


A sociedade acredita que é guiada pela moralidade mas isto não é verdade. O premiado diretor de As Horas, Stephen Daldry, mostra novamente toda sua força nesta história de medos e segredos escondidos pelo tempo. Hanna (Kate Winslet) foi uma mulher solitária durante grande parte da vida. Quando se envolve amorosamente com o adolescente Michael (Ralph Finnes)não imagina que um caso de verão irá marcar suas vidas para sempre. Livro com sucesso mundial de vendas, O Leitor é a uma história que nos levará a questionar todas as nossas mais profundas verdades.


O Projeto tão polêmico de Daldry possui níveis já conhecidos para quem acompanha os filmes desse diretor, o filme possui linhas mais voltadas ao íntimo dos seus personagens, está tudo subentendido, muitas nuances, como é característica do diretor, o que pode afetar um pouco o cinéfilo que não conhece suas obras e não entende seu trabalho e achar um filme “difícil”, mas na verdade O Leitor é um filme para ser assistido com vontade e disposição, para entender seus detalhes.


O Roteiro de David Hare, o mesmo roteirista de As Horas, expõe aqui seu talento com sutilezas, compõe um roteiro com uma visão diferente sobre os fatos do Holocausto, menos convencional e sem nunca deixar cair no melodramático, aliás cenas dramáticas em O Leitor faltam.


E como não podia faltar em um filme de Daldry, o seu elenco, que sempre é um ponto positivo a se somar, o trio formado por Fiennes, Winslet e Kross é magnífico. Winslet expõe uma tridimensionalidade maravilhosa de Hanna, é competente ao retratar a acusada como uma mulher forte, orgulhosa e trabalhadora, porém humana e ferida pela vida, com uma racionalidade incrível, a mesma mulher que é capaz de mandar a morta outras mulheres é capaz de chorar ao ver crianças cantando em uma igreja, é um trabalho emocional e interno maravilhoso de uma atriz que só cresce, com uma personagem acima de tudo ambígua. Ralph Fiennes, como sempre brilhante, expondo todo o amor, dúvida e certa raiva que ele sentia pela mulher que o abandonou. David Kross brilha na pele do Michael Berg mais jovem, capaz de expor todo o charme e inocência do seu personagem, acompanha dignamente todas as fases do seu personagem, amadurecendo-o, crescendo-o, vivendo-o. Mas, a grande surpresa de The Reader, se localiza na performance forte de terminada de Lena Olin, atriz que andava sumida, e que voltou com tudo, numa performance maravilhosa, que expõe sua Sr. Mather com a força e frieza que a dor lhe causou, e que personagem precisava.


O fato é que O Leitor, é mais um filme digno e competente de um diretor que cumpre o que promete a cada novo trabalho. Merecedor de cada indicação ao prêmio Oscar que recebeu e merecedor de elogios. O Leitor é mais um filme sobre as verdades que mantemos escondidas e sobre os momentos em que o passado insiste em voltar para nos assombrar, e o medo que temos dele.


NOTA: 8,0

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Dúvida (Doubt, 2009)

O filme de John Patrick Shanley levanta uma questão muito importante sobre a Igreja Católica e a sua reação diante de casos tão polêmicos como a pedifilia, assunto hoje tão destacado e comentado na Tv, em casos assustadores.

A história é ambientada no ano de 1964, em uma escola católica no Bronx (Nova York), onde a diretora (Meryl Streep) é uma dura freira que acusa publicamente de pedofilia um padre popular (Philip Seymour Hoffman). O filme aborda as questões de religião, autoridade e moralidade.

O caso do filme é muito peculiar, no primeiro ato o mesmo tem sua maestria, um roteiro intrigante e intrínseco e que nos questiona, nos envolve e define muito bem as características de seus personagens, mas no segundo e principalmente no último ato essa maestria se perde no seu emaranhado. O que estava implícito e subentendido com tamanha inteligência na primeira hora, se perde ao longo da projeção.

O Diretor conseguiu um grande elenco, mas o sentimento que fica ao término do filme é de que foi aquém, poderia ter sido mais. O Grande destaque e a verdadeira alma do filme é a performance de Amy Adams que compõe sua irmã James com extrema clareza e cuidado, sem deixar que se torne mais uma personagem incocente e sem importância para trama, sua presença está toda hora lá, com incríveis nuances. Philip Seymour Hoffman sempre competente expõe uma bondade e uma dualidade ao seu personagem que soa incrível, um bom equilíbrio do ator no qual o roteiro se apoia. Meryl Streep, é assustadora, mas assim como o roteiro nos deixa a sensação de que poderia ter sido mais, sua performance é quase um piloto automático, nem se parece com as competentes performances de As Horas e As Pontes de Madison. Viola Davis é um ponto positivo a somar.

Infelizmente, Doubt é aquele trágico tipo de filme que pára pela metade, dependendo de uma direção confusa e indecisa, um John Patrick Shanley perdido com a faca e o queijo na mão, porém cego demais para saber cortar.

NOTA: 6,0
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Sobre Cinema e Lobos

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