domingo, 5 de fevereiro de 2012

Amores Imaginários (Les amours imaginaires, 2010)




Amores Imaginários conta a história de Marie e Francis, dois amigos que se apaixonam pelo angelical Nicolas, e que a partir daí vão iniciar uma competição silenciosa pela atenção e admiração dele. Nessa competição, os dois farão de tudo para agradá-lo e começam uma amizade a três, sempre juntos, até na hora de dormir, os dois são incapazes de descobrir por quem Nicolas está afim, já que este se revela um sujeito ambíguo a todo o momento, ou até mesmo de descobrir se ele está afim de um dos dois.
O triunfo do filme está no fato de acompanharmos as peripécias desse triângulo quase amoroso, acompanhamos o desespero de Francis e Marie para agradar Nicolas, esses personagens estão constantemente sendo filmados em câmera lenta no momento em que estão se arrumando e caminhando pelas ruas, tomados pela esperança de estar aos pés da beleza de “Nico” para poder agradá-lo e chamar sua atenção. Mais do que um retrato fiel sobre a necessidade de chamar atenção daqueles que amamos, Amores Imaginários funciona como uma análise sobre a busca incessante da juventude moderna pelo padrão de beleza universal, os personagens estão sempre maquiados, com o corte de cabelo perfeito e vestindo roupas caras, e são incapazes de perceber (assim como nós) o quão bobo isso soa, mas o filme parece nunca ter a pretensão de julgá-los (ponto positivo), e sim de extrair belas cenas da infantilidade de seus atos. Em contraponto a beleza “forjada” dos dois personagens, está a beleza angelical e quase etérea de Nicolas, um jovem que possui naturalmente todo o padrão de beleza que dizem que devemos alcançar, ele parece não fazer esforço nenhum para se tornar bonito e talvez isso seja o que mais invoque o amor deles.
Dolan é um jovem e competente diretor (sim, ele tinha apenas 20 anos na época em que escreveu, dirigiu e atuou no filme), usa música pop francesa até composições clássicas que a todo instante parecem capturar os gestos mais bonitos do ser humano e provar que o corpo humano já é bonito por si só, além do estilo na forma como enquadra seus personagens.
Amores Imaginários é um filme de moderado desespero, honesto até seu último segundo, que captura a alma insegura da juventude em relação ao primeiro amor, com um clima documental (já que este investe em pequenos depoimentos de estranhos sobre fracassos amorosos), que facilmente se tornará modelo para qualquer diretor que pretenda futuramente falar sobre amor na juventude.
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