segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Desejos e Traições (The Sisters, 2005)

Este filme que chegou nas locadoras faz pouco tempo, é aquele tipo de filme que ninguém vê, ninguém sabe que existe, mas são um dos melhores do ano.
Desejos e Traições (The Sisters), baseado em uma peça do dramaturgo russo, Anton Chekov. Desejos e Traições é aquele independente sobre drama familiares, verdades e segredos que permanecem por gerações, e o confronto dos mesmos.
Belo filme, com belo roteiro e belo elenco. Venceu três prêmios no Dixie Film Festival Melhor Filme, Melhor Atriz (Maria Bello) e Melhor Ator (Erick McCormarck - o Will de Will and Grace), indicado ao Casting Society of America de Melhor Elenco de Independente e Seleção Oficial nos festivais de Tribeca e Hollywood. Recomendo.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Leitor (The Reader, 2009)




Stephen Daldry é um diretor seletivo. Com apenas três filmes na sua filmografia, mas com três indicações ao Oscar, nos deu de presente um dos melhores filmes da década, o íntimo As Horas, o elogiado e premiado Billy Elliot, e depois de alguns anos de férias, ele volta com o polêmico O Leitor, que recebeu 5 indicações ao Oscar.


A sociedade acredita que é guiada pela moralidade mas isto não é verdade. O premiado diretor de As Horas, Stephen Daldry, mostra novamente toda sua força nesta história de medos e segredos escondidos pelo tempo. Hanna (Kate Winslet) foi uma mulher solitária durante grande parte da vida. Quando se envolve amorosamente com o adolescente Michael (Ralph Finnes)não imagina que um caso de verão irá marcar suas vidas para sempre. Livro com sucesso mundial de vendas, O Leitor é a uma história que nos levará a questionar todas as nossas mais profundas verdades.


O Projeto tão polêmico de Daldry possui níveis já conhecidos para quem acompanha os filmes desse diretor, o filme possui linhas mais voltadas ao íntimo dos seus personagens, está tudo subentendido, muitas nuances, como é característica do diretor, o que pode afetar um pouco o cinéfilo que não conhece suas obras e não entende seu trabalho e achar um filme “difícil”, mas na verdade O Leitor é um filme para ser assistido com vontade e disposição, para entender seus detalhes.


O Roteiro de David Hare, o mesmo roteirista de As Horas, expõe aqui seu talento com sutilezas, compõe um roteiro com uma visão diferente sobre os fatos do Holocausto, menos convencional e sem nunca deixar cair no melodramático, aliás cenas dramáticas em O Leitor faltam.


E como não podia faltar em um filme de Daldry, o seu elenco, que sempre é um ponto positivo a se somar, o trio formado por Fiennes, Winslet e Kross é magnífico. Winslet expõe uma tridimensionalidade maravilhosa de Hanna, é competente ao retratar a acusada como uma mulher forte, orgulhosa e trabalhadora, porém humana e ferida pela vida, com uma racionalidade incrível, a mesma mulher que é capaz de mandar a morta outras mulheres é capaz de chorar ao ver crianças cantando em uma igreja, é um trabalho emocional e interno maravilhoso de uma atriz que só cresce, com uma personagem acima de tudo ambígua. Ralph Fiennes, como sempre brilhante, expondo todo o amor, dúvida e certa raiva que ele sentia pela mulher que o abandonou. David Kross brilha na pele do Michael Berg mais jovem, capaz de expor todo o charme e inocência do seu personagem, acompanha dignamente todas as fases do seu personagem, amadurecendo-o, crescendo-o, vivendo-o. Mas, a grande surpresa de The Reader, se localiza na performance forte de terminada de Lena Olin, atriz que andava sumida, e que voltou com tudo, numa performance maravilhosa, que expõe sua Sr. Mather com a força e frieza que a dor lhe causou, e que personagem precisava.


O fato é que O Leitor, é mais um filme digno e competente de um diretor que cumpre o que promete a cada novo trabalho. Merecedor de cada indicação ao prêmio Oscar que recebeu e merecedor de elogios. O Leitor é mais um filme sobre as verdades que mantemos escondidas e sobre os momentos em que o passado insiste em voltar para nos assombrar, e o medo que temos dele.


NOTA: 8,0

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Dúvida (Doubt, 2009)

O filme de John Patrick Shanley levanta uma questão muito importante sobre a Igreja Católica e a sua reação diante de casos tão polêmicos como a pedifilia, assunto hoje tão destacado e comentado na Tv, em casos assustadores.

A história é ambientada no ano de 1964, em uma escola católica no Bronx (Nova York), onde a diretora (Meryl Streep) é uma dura freira que acusa publicamente de pedofilia um padre popular (Philip Seymour Hoffman). O filme aborda as questões de religião, autoridade e moralidade.

O caso do filme é muito peculiar, no primeiro ato o mesmo tem sua maestria, um roteiro intrigante e intrínseco e que nos questiona, nos envolve e define muito bem as características de seus personagens, mas no segundo e principalmente no último ato essa maestria se perde no seu emaranhado. O que estava implícito e subentendido com tamanha inteligência na primeira hora, se perde ao longo da projeção.

O Diretor conseguiu um grande elenco, mas o sentimento que fica ao término do filme é de que foi aquém, poderia ter sido mais. O Grande destaque e a verdadeira alma do filme é a performance de Amy Adams que compõe sua irmã James com extrema clareza e cuidado, sem deixar que se torne mais uma personagem incocente e sem importância para trama, sua presença está toda hora lá, com incríveis nuances. Philip Seymour Hoffman sempre competente expõe uma bondade e uma dualidade ao seu personagem que soa incrível, um bom equilíbrio do ator no qual o roteiro se apoia. Meryl Streep, é assustadora, mas assim como o roteiro nos deixa a sensação de que poderia ter sido mais, sua performance é quase um piloto automático, nem se parece com as competentes performances de As Horas e As Pontes de Madison. Viola Davis é um ponto positivo a somar.

Infelizmente, Doubt é aquele trágico tipo de filme que pára pela metade, dependendo de uma direção confusa e indecisa, um John Patrick Shanley perdido com a faca e o queijo na mão, porém cego demais para saber cortar.

NOTA: 6,0

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Grey's Anatomy e Brothers And Sisters

Recentemente, comecei a acompanhar algumas séries muito interessantes.

Sempre fui muito apaixonado por F.R.I.E.N.D.S, e Will e Grace, mas recentemente comecei a assistir Grey's Anatomy e Brothers And Sisters, e o resultado foi o melhor possível.

Grey's Anatomy, acompanha um turma de médicos que vão fazer residência no hospital de Seattle Grace, dentre eles Meredith Grey (Ellen Pompeo), filha de uma grande médica reconhecida no país que agora sofre de Mal de Azhaimer, Izzie Stevens (Katherine Heigl), ex-modelo que agora é médica e sofre com o preconceito, George O'Malley (T.R. Knight) um médico jovem e atrapalhado, e Christina Yang (Sandra Oh), uma médica forte e que não leva desaforo pra casa. Todos esses jovens médicos vão lidar com as dificuldades de início de carreira e com o amadurecimento pessoal e profissional. As vezes, Grey's Anatomy se torna uma série bastante lugar comum, mas sempre continua interessante, em seus casos médicos.


Brothers And Sisters, é uma série de drama familiar, depois da morte do patriarca da família, segredos e verdades virão a tona e confrontarão uma família inteira, estrelada por atores renomados como Sally Field, Calista Flockhart e Rachel Griffiths, é a série que mais me interessa ultimamente, recentemente acabei de assistir a 1ª temporada e já estou engatando a 2ª. O elenco além de ser fenomenal, a série trata os dramas familiares do Walkers com bastante inteligência e dignidade.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009


Dia 18 de Janeiro saíram os indicados ao Blog de Ouro 2009, premiação da Sociedade Brasileira de Cinéfilos Blogueiros que eu entrei recentemente.

Aqui vou fazer uma análise da lista, de alguns indicados, as belas surpresas e as más surpresas.

1. Melhor Filme

Como era de ser esperar os franco favoritos Onde os fracos não têm vez, Sangue Negro e O Cavaleiro das Trevas figuraram entre os indicados. Desejo e Reparação foi uma bela surpresa. O que não me agrada é a ideia de ver uma animação concorrendo na categoria principal, para isso existe sua própria categoria, por mais brilhante que ela seja, como é o caso de Wall*e.

2. Melhor Direção

Na categoria de melhor direção, nada mais do que o esperado, mas muito bem formulada.

3. Melhor Atriz

Ótimas surpresas, Anamaria Marinca e Julianne Moore entre as indicadas. Ótimo. Laura Linney numa performance super inspirada por A Família Savage também foi lembrada. Ellen Page e Julie Christie já eram de esperar.

4. Melhor Ator

Philip Seymour Hoffman justamente lembrado pelo seu desempenho em Antes que o diabo saiba que você está morto, foi uma ótima surpresa. Jhonny Depp infelizmente, assim como no Oscar, foi lembrado pelo desempenho pífio e banal por Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.

5. Melhor Roteiro Adaptado

Entre os indicados nenhuma surpresa, os belos roteiros de Sangue Negro, Onde os fracos não têm vez, Na Natureza Selvagem, Desejo e Reparação e O Escafândro e a Borboleta foram lembrados. Apesar de minha torcida sempre ficar com Desejo e Reparação.

6. Roteiro Original

Ainda não vi Queime depois de ler, espero com ansiedade. Ver Vicky Cristina Barcelona entre os indicados foi ótimo, aliás vou torcer para o mesmo, um grande novo filme de Woody Allen. Antes que o diabo saiba que você está morto tamém é uma ótima surpresa. Como todos sabem não sou o maior fã de Juno, e vê-lo indicado, é uma das minhas poucas decepcões.

sábado, 10 de janeiro de 2009

O Tempo de cada um (Personal Velocity, 2002)


Quantas vezes você se perguntou, “O que move a minha vida?”, e não obteve resposta alguma?
Quantas vezes você se perguntou como seria sua vida se tivesse feito escolhas diferentes, ou ter arriscado mais?
O cinema moderno ultimamente vem estudando o motivo pelo qual somos quem somos, provas disso podemos ver em filmes como As Horas, Coisas que você pode dizer só de olhar para ela, Questão de vida, e filmes na sua maioria com temática feminina.
O mestre Ingmar Bergman já estudava a alma feminina em seus filmes, Woody Allen fez um belo estudo em Interiores, e hoje, temos seus seguidores, como Rodrigo Garcia e por vez, Rebecca Miller.

Três mulheres que, em crise, buscam encontrar algum sentido em sua vida e dar a volta por cima. Uma delas é Delia (Kyra Sedgwick), que sofre constantes agressões do marido mas não o abandona por ainda amá-lo. Greta (Parker Posey) é uma editora de livros de culinária que é convidada para editar o novo livro de Thavi Matola (Joel de la Fuente), um dos principais escritores da atualidade. Paula (Fairuza Balk) é uma jovem que, após quase ter morrido, se sente desorientada em relação ao mundo e ao bebê que carrega em seu ventre.


Kyra Sedqwick, que interpreta Delia, expõe uma grande força em cena, compõe uma personagem explosiva, porém com um brilho inocente no olhar, de mulher sofrida, é uma performance inteligente, bem trabalhada. Ao conhecermos Delia, vemos uma mulher forte, determinada e com um temperamento forte, porém Kyra faz muito mais do que isso, imprime em sua personagem algo único, melancólico e sofrido, verdadeiro. Parker Posey, na performance mais incrível de sua carreira, trabalha sutilmente com todas as nuances de sua personagem, acompanha cada fase, desde a culpa por não amar verdadeiramente o seu doce marido até o leve toque de ambição que herdou do seu pai, a forma que reage ao ser promovida. É um personagem bem escrito e bem interpretado. Mas, o grande destaque do filme é a comovente performance de Fairuza Balk, que interpreta a confusa Paula, em uma performance cheia de detalhes, em uma história aberta para todos os tipos de interpretação, até o espiritual. Sua história é sobre a chegada do amadurecimento, sobre as escolhas que fazemos (ou quase fazemos) que pode podemos nos arrepender para o resto de nossas vidas, mas ás vezes algo acontece no meio do caminho para nos socorrer, quando nem nós sabemos que estamos precisando de ajuda.


O roteiro é simples, a princípio o filme pode parecer comum, mas a competência de Rebecca Miller logo tira essa impressão. Tudo ali é tratado com humanidade, desde o roteiro até a trilha sonora de David Rohatyn, e a fotografia, que foi premiada no Independet Spirit.


O filme de estréia de Rebecca Miller saiu ovacionado e premiado de Sundance, e levanta questões simples e muito interessantes, nos faz questionar sobre a pessoa que está mais distante de nós: nós mesmos.


O que move a sua vida?

NOTA: 9,0

domingo, 2 de novembro de 2008

Eu, você e todo mundo (Me and you, and everyone we know, 2005)

De vez em quando surgem filmes independentes (ou não) que nos fazem pensar, que nos fazem analisar, e é maravilhoso quando isso acontece, porque é um sinal de que o filme nos tocou de alguma forma, e pra mim, o grande proporcionador disso tudo, é o cinema independente. É impressionante como com tão pouco, ele consegue fazer tanto.

Christine Jesperson é uma artista solitária que usa as suas visões artísticas fantásticas para atrair as suas aspirações e os seus objectos de desejo para mais perto de si. Richard Swersey (John Hawkes), um recém-divorciado e pai de dois rapazes, está preparado para acontecerem coisas extraordinárias. Mas quando conhece a cativante Christine, entra em pânico. A vida não é tão clara para Robby, o filho de 7 anos de Richard, que está a viver um romance na internet com uma estranha e o seu irmão de 14 anos, Peter, que se transforma na cobaia das raparigas da vizinhança que com ele praticam para os seus futuros romances e casamentos. Todos procuram laços através de caminhos difíceis e encontram redenção em pequenos momentos que os ligam a alguém na terra.

Eu, você e todos nós nada mais é do que um filme sobre a vida, sobre o ser humano, contando nosso cotidiano e como tudo é banal e normal. As vezes algo acontece e nos leva a pensar que só acontece com a gente, mas isso é perfeitamente normal. Um roteiro precioso e cativante, muito humano. Chega quaser indescritível, de tão subjetivo. O cinema subjetivo é fantástico, porque permite várias interpretações, e da forma como você o vê. É triste, é alegre, difícil, é fácil, é complexo, é simples, é tudo isso. E quando um diretor e roteirista chegam a esse ponto, nada mais que normal do que ovacioná-los por extrema simplicidade. Em algum momento do filme, o personagem interpretado por um garoto de 12 anos (mais ou menos), imprime o que seria apenas um monte de sinal de pontuação, mas na interpratação dele significava toda uma sociedade, andando, deitada, parada. É a prova de como Miranda July queria que interpretássemos seu filme, de forma ampla.

A diretora que ganhou 4 prêmios em Cannes pelo filme, Miranda July, sobre regular aqui, a comédia, o drama, a solidão, o sexo, de forma linda, poética e acima de tudo, humana. Uma câmera na mão, meia duzia de atores desconhecidos e ela fez um dos melhores filmes do ano.

No elenco, não tem nenhuma performance destacável, mas todos fazem o trabalho de forma homogênea e natural, como deve ser. A simplicidade é o objetivo.

A trilha sonora é um espetáculo a parte, triste, que varia conforme os sentimentos de seus personagens.

Eu, você e todos nós, é um belo exemplo do cinema independente subjetivista e recomendável àquelas que não querem mais do mesmo. Poderoso.


NOTA: 9,5
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Sobre Cinema e Lobos

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