domingo, 2 de novembro de 2008

Eu, você e todo mundo (Me and you, and everyone we know, 2005)

De vez em quando surgem filmes independentes (ou não) que nos fazem pensar, que nos fazem analisar, e é maravilhoso quando isso acontece, porque é um sinal de que o filme nos tocou de alguma forma, e pra mim, o grande proporcionador disso tudo, é o cinema independente. É impressionante como com tão pouco, ele consegue fazer tanto.

Christine Jesperson é uma artista solitária que usa as suas visões artísticas fantásticas para atrair as suas aspirações e os seus objectos de desejo para mais perto de si. Richard Swersey (John Hawkes), um recém-divorciado e pai de dois rapazes, está preparado para acontecerem coisas extraordinárias. Mas quando conhece a cativante Christine, entra em pânico. A vida não é tão clara para Robby, o filho de 7 anos de Richard, que está a viver um romance na internet com uma estranha e o seu irmão de 14 anos, Peter, que se transforma na cobaia das raparigas da vizinhança que com ele praticam para os seus futuros romances e casamentos. Todos procuram laços através de caminhos difíceis e encontram redenção em pequenos momentos que os ligam a alguém na terra.

Eu, você e todos nós nada mais é do que um filme sobre a vida, sobre o ser humano, contando nosso cotidiano e como tudo é banal e normal. As vezes algo acontece e nos leva a pensar que só acontece com a gente, mas isso é perfeitamente normal. Um roteiro precioso e cativante, muito humano. Chega quaser indescritível, de tão subjetivo. O cinema subjetivo é fantástico, porque permite várias interpretações, e da forma como você o vê. É triste, é alegre, difícil, é fácil, é complexo, é simples, é tudo isso. E quando um diretor e roteirista chegam a esse ponto, nada mais que normal do que ovacioná-los por extrema simplicidade. Em algum momento do filme, o personagem interpretado por um garoto de 12 anos (mais ou menos), imprime o que seria apenas um monte de sinal de pontuação, mas na interpratação dele significava toda uma sociedade, andando, deitada, parada. É a prova de como Miranda July queria que interpretássemos seu filme, de forma ampla.

A diretora que ganhou 4 prêmios em Cannes pelo filme, Miranda July, sobre regular aqui, a comédia, o drama, a solidão, o sexo, de forma linda, poética e acima de tudo, humana. Uma câmera na mão, meia duzia de atores desconhecidos e ela fez um dos melhores filmes do ano.

No elenco, não tem nenhuma performance destacável, mas todos fazem o trabalho de forma homogênea e natural, como deve ser. A simplicidade é o objetivo.

A trilha sonora é um espetáculo a parte, triste, que varia conforme os sentimentos de seus personagens.

Eu, você e todos nós, é um belo exemplo do cinema independente subjetivista e recomendável àquelas que não querem mais do mesmo. Poderoso.


NOTA: 9,5

3 comentários:

Kaio disse...

nem sabia da existência desse filme,mas deve ser bem legal.

Vivi Ferreira disse...

mais um filme pra baixar na minha listinha hehehe
bjooooooooooo kauanzito!

Juliana Reigal disse...

Eu aprecio muito filmes alternativos, mas francamente, não sei o que faltou nesse... Ele ganhou vários prêmios, eu sei, mas pra ser honesta eu não gostei! Me fez pensar, mas achei fraco, oco, forçou um pouco nao sei... Nao gostei.

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