sábado, 10 de janeiro de 2009

O Tempo de cada um (Personal Velocity, 2002)


Quantas vezes você se perguntou, “O que move a minha vida?”, e não obteve resposta alguma?
Quantas vezes você se perguntou como seria sua vida se tivesse feito escolhas diferentes, ou ter arriscado mais?
O cinema moderno ultimamente vem estudando o motivo pelo qual somos quem somos, provas disso podemos ver em filmes como As Horas, Coisas que você pode dizer só de olhar para ela, Questão de vida, e filmes na sua maioria com temática feminina.
O mestre Ingmar Bergman já estudava a alma feminina em seus filmes, Woody Allen fez um belo estudo em Interiores, e hoje, temos seus seguidores, como Rodrigo Garcia e por vez, Rebecca Miller.

Três mulheres que, em crise, buscam encontrar algum sentido em sua vida e dar a volta por cima. Uma delas é Delia (Kyra Sedgwick), que sofre constantes agressões do marido mas não o abandona por ainda amá-lo. Greta (Parker Posey) é uma editora de livros de culinária que é convidada para editar o novo livro de Thavi Matola (Joel de la Fuente), um dos principais escritores da atualidade. Paula (Fairuza Balk) é uma jovem que, após quase ter morrido, se sente desorientada em relação ao mundo e ao bebê que carrega em seu ventre.


Kyra Sedqwick, que interpreta Delia, expõe uma grande força em cena, compõe uma personagem explosiva, porém com um brilho inocente no olhar, de mulher sofrida, é uma performance inteligente, bem trabalhada. Ao conhecermos Delia, vemos uma mulher forte, determinada e com um temperamento forte, porém Kyra faz muito mais do que isso, imprime em sua personagem algo único, melancólico e sofrido, verdadeiro. Parker Posey, na performance mais incrível de sua carreira, trabalha sutilmente com todas as nuances de sua personagem, acompanha cada fase, desde a culpa por não amar verdadeiramente o seu doce marido até o leve toque de ambição que herdou do seu pai, a forma que reage ao ser promovida. É um personagem bem escrito e bem interpretado. Mas, o grande destaque do filme é a comovente performance de Fairuza Balk, que interpreta a confusa Paula, em uma performance cheia de detalhes, em uma história aberta para todos os tipos de interpretação, até o espiritual. Sua história é sobre a chegada do amadurecimento, sobre as escolhas que fazemos (ou quase fazemos) que pode podemos nos arrepender para o resto de nossas vidas, mas ás vezes algo acontece no meio do caminho para nos socorrer, quando nem nós sabemos que estamos precisando de ajuda.


O roteiro é simples, a princípio o filme pode parecer comum, mas a competência de Rebecca Miller logo tira essa impressão. Tudo ali é tratado com humanidade, desde o roteiro até a trilha sonora de David Rohatyn, e a fotografia, que foi premiada no Independet Spirit.


O filme de estréia de Rebecca Miller saiu ovacionado e premiado de Sundance, e levanta questões simples e muito interessantes, nos faz questionar sobre a pessoa que está mais distante de nós: nós mesmos.


O que move a sua vida?

NOTA: 9,0

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