Amores
Imaginários conta a história de Marie e Francis, dois amigos que se apaixonam
pelo angelical Nicolas, e que a partir daí vão iniciar uma competição
silenciosa pela atenção e admiração dele. Nessa competição, os dois farão de
tudo para agradá-lo e começam uma amizade a três, sempre juntos, até na hora de
dormir, os dois são incapazes de descobrir por quem Nicolas está afim, já que
este se revela um sujeito ambíguo a todo o momento, ou até mesmo de descobrir
se ele está afim de um dos dois.
O triunfo do
filme está no fato de acompanharmos as peripécias desse triângulo quase
amoroso, acompanhamos o desespero de Francis e Marie para agradar Nicolas,
esses personagens estão constantemente sendo filmados em câmera lenta no
momento em que estão se arrumando e caminhando pelas ruas, tomados pela
esperança de estar aos pés da beleza de “Nico” para poder agradá-lo e chamar
sua atenção. Mais do que um retrato fiel sobre a necessidade de chamar atenção
daqueles que amamos, Amores Imaginários funciona como uma análise sobre a busca
incessante da juventude moderna pelo padrão de beleza universal, os personagens
estão sempre maquiados, com o corte de cabelo perfeito e vestindo roupas caras,
e são incapazes de perceber (assim como nós) o quão bobo isso soa, mas o filme
parece nunca ter a pretensão de julgá-los (ponto positivo), e sim de extrair
belas cenas da infantilidade de seus atos. Em contraponto a beleza “forjada”
dos dois personagens, está a beleza angelical e quase etérea de Nicolas, um
jovem que possui naturalmente todo o padrão de beleza que dizem que devemos
alcançar, ele parece não fazer esforço nenhum para se tornar bonito e talvez
isso seja o que mais invoque o amor deles.
Dolan é um jovem
e competente diretor (sim, ele tinha apenas 20 anos na época em que escreveu, dirigiu
e atuou no filme), usa música pop francesa até composições clássicas que a todo
instante parecem capturar os gestos mais bonitos do ser humano e provar que o
corpo humano já é bonito por si só, além do estilo na forma como enquadra seus personagens.
Amores
Imaginários é um filme de moderado desespero, honesto até seu último segundo,
que captura a alma insegura da juventude em relação ao primeiro amor, com um
clima documental (já que este investe em pequenos depoimentos de estranhos
sobre fracassos amorosos), que facilmente se tornará modelo para qualquer
diretor que pretenda futuramente falar sobre amor na juventude.
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