O
cinema recentemente assumiu uma posição importante não só no ramo do
entretenimento, mas também na dimensão social dos assuntos que são discutidos,
porém durante a produção seus responsáveis não têm a mínima ideia de como ele
vai ser recebido pelo público, uma prova disso é o filme de Adrian Lyne,
Atração Fatal (1987).
Que
Glenn Close é motivo para assistir qualquer filme que tenha seu nome na ficha
técnica, qualquer cinéfilo que se preze sabe, porém, aqui, ela não é o único
motivo para descobrir o filme, seu excelente roteiro e forma como ele é
conduzido com extrema segurança por Lyne, são outros motivos suficientes para
dar uma olhada.
O
filme foi lançado na década de 1980 e toca em diversos assuntos como relação
extra-conjugal e família, mas tem um assunto que seus produtores jamais
poderiam imaginar que iria chamar tanta atenção, o feminismo. O fato é que o
filme traz à tona a realidade da mulher americana independente
profissionalmente e solteira em uma época onde as mulheres lutava de forma
fervorosa pelos seus direitos em todas as áreas. Só que retratar o tipo de mulher
que acabei de citar acima, como uma desequilibrada e psicótica, não agradou
nada as fervorosas feministas, levando o discurso em questão a nível nacional,
transformando o filme em um célebre exemplar de discussão social.
Comentado
tanto por sociólogos quanto por psicanalistas, o filme surge como um belo
exemplo do cinema como prática social, espaço aberto para trazer à tona tabus
engessados por uma sociedade ainda pouco evoluída quando o assunto é a
categoria Mulher.
Só
para finalizar, Glenn Closse é extremamente hábil ao não transformar Alex
Forrest em uma vilã sem escrúpulos. Em todo momento vemos a personagem como
alguém completamente alheia aos atos cruéis que comete, ciente de que aquilo é
para o bem de todos, o que reforça ainda mais o seu desequilíbrio psicológico.
No fundo, Alex Forrest não chega nem perto de ser o exemplo da mulher
contemporânea como todos afirmavam cheios de medo, mas é uma mulher única, que
representa somente a natureza cruel de alguém que recebeu pouca atenção na
vida.